Kamido, o caminho dos deuses
Apresentação
Sumo sacerdote: Ookami Nobuhiro-saishu, o sumo-sacerdote Ookami Nobuhiro.
Sacerdotes: Shinshokus, Mikos e Ichikos.
A religião oficial do império é chamada de Kamido, o caminho dos kami, a base da fé é a crença em Yaoyorozu-no-kami entendido como os infinitos kamis. O Kamido é conjunto de crenças animistas, shamanismo, de reverência aos ancestrais e a natureza. Os akijins costumam usar os ritos do Kamido no nascimento e eventos do dia a dia, os ritos do Rishido são para os ritos fúnebres e assuntos do pós-vida. A fundação do Kamido é a família imperial e o fato do imperador ser descendente de Taiyou-no-megami, a deusa do sol. O sumo sacerdote é o próprio imperador e o clã Ookami costuma ter muitos cargos no Ministério da Religião, este é chefiado por um membro do clã Kusanagi, mas a influência do clã Ookami é notória dentro do ministério.
A demanda política sobre os ombros do imperador fez um antigo imperador escolher uma de suas irmãs como Sayou, a alta sacerdotisa, para realizar os ritos em seu lugar e esta tradição se mantém até os dias atuais.
Há infinitos espíritos existentes e coletivamente são chamados de Yaoyorozu-no-kami, os oito milhões de deuses ou kamigami. Eles são divididos em cinco categorias
Ancestrais especialmente antigos ou poderosos atuam como divindades locais e habitam um utaki, lugar sagrado. Geralmente, trata-se de um bosque, uma fonte ou uma caverna localizada perto da aldeia, cuja entrada às vezes é restrita e cuja santidade é sempre respeitada. O local mais sagrado de um utaki é o ibi e a área ao seu redor (ibi-nu-mae). Somente a nuuru pode entrar no ibi para fazer oferendas e orações no ibi-nu-mae. Exemplos de utaki famosos são Sefa-utaki (o local oficial mais sagrado do Reino Ryūkyū). Diz a lenda que a deusa Amamikyu , que deu à luz as ilhas de Ryukyus, desceu aqui. Deste bosque sagrado, as pessoas rezavam para a Ilha Kudaka, o local mais sagrado de Okinawa. Certa vez, as inaugurações da alta sacerdotisa da Corte Shuri , kikoe-ōgimi , aconteceram lá. Como mencionado, a Ilha Kudaka é o local de muitos utaki. Outros lugares especialmente sagrados em Okinawa e arredores incluem a área ao redor do Castelo Nakijin e Gusukuyama (ou Tacchu ), um pico alto e íngreme em Ie-shima.
Uma filosofia dentro do Xintoísmo na qual a alma consiste em um espírito inteiro chamado Ichirei, um espírito que está conectado com o céu e aos Yonkon, as quatros almas: ara-mitama, kushi-mitama, nigi-mitamae e saki-mitama.
Ichirei é o espírito completo, aquele que controla as quatro almas, ajustando suas intensidades e impedindo que um deles se sobreponha aos outros e cause mal a si mesmo e aos outros.
Ichirei, um espírito
Quando uma pessoa morre, acredita-se que seu reikon permanecerá em uma espécie de purgatório até que receba os ritos funerários adequados. Após isso, o reikon se juntará aos seus ancestrais na vida após a morte e só retornará ao mundo dos vivos todo mês de agosto para o Festival de Obon.
Mitama, o espírito honroso
Um sinônimo de kami é mitama, o espírito honrado, ele representa as quatro personalidades que um kami pode apresentar. A maioria dos kami possuem um mitama que se sobressai, esta é a personalidade pela qual ele é conhecido.
Os espíritos são divididos em partes com emoções fortes, seja o espírito de um mortal ou imortal. Essas partes são chamadas de mitama e quando alguém se refere as quatro partes ele é chamado de tamashii. O conceito de mitama é importante para os shinshokus, eles tem o dever de servir aos kamis, parte do seu trabalho é lidar com aramitama e acalmá-los, a fim de evitar sua irá e punições sobre as pessoas.
Existem muitos rituais para transformar um mitama em outro, dependendo do que a situação exige do shinshoku e do tamashi. A forma mais simples dos mitama é a hitodama, pequenas esferas com uma chama colorida em seu centro. Quanto maior a força de um sentimento ou emoção, maior a chama.
Sakimitama, a alma feliz
Criaturas que tiveram boas vidas costumam ser sakimitama, almas felizes, e não causam problemas no mundo material, eles preferem ser espíritos solitários encontrados em locais ermos como montanhas, cachoeiras e árvores, sendo os espíritos relacionados aos shintais naturalmente. Sakimitama possuem a chama vermelha ou rosa e estão relacionados ao sul.
Nigimitama, a alma gentil
As pessoas que dedicaram suas vidas ao próximo, como mães, pais e mestres, tendem a se tornar nigimitama, almas suaves. Um nigimitama é um espírito amigável, que auxilia as pessoas e outros espíritos como podem, eles possuem a chama branca e estão relacionados ao oeste.
Kushimitama, a alma misteriosa
Um kushimitama é um espírito sábio com grande conhecimento. Eles não costumam se relacionar com as pessoas preferindo a solidão de locais ermos como os nigimitama, mas podem se sentir inclinados a ajudar caso a situação exija. Estes espíritos costumam ser de pessoas que se dedicaram ao ensino, como professores, e estudiosos, como médicos, escritores e artistas em geral. Os kushimitama são os espíritos mais próximos de se tornarem kamis. A chama de suas esferas é verde ou azul e sua direção é o leste.
Aramitama, a alma selvagem
Os espíritos das pessoas belicosas, que se dedicaram a combates e a violência possuem chamas negras ou roxas com orientação para o norte. Estas almas pertencem a mushas, assassinos e combatentes, vítimas de violência ou de mortes violentas são aramitama comuns e os rituais de purificação são bastante efetivos neles, mas não nos mushas, que passaram a vida toda sob combates. Eles são espíritos arredios que não conseguem se expressar de outro modo que não seja a violência, causam problemas no mundo material e exorcistas são chamados para enviá-los aos reinos espirituais.
O mabui é a essência de uma pessoa, é o que a define como um ser único, ele é ligado ao mitama, o tamashi, e suas quatro divisões pela individualidade, isto é, o mitama possui suas divisões em emoções que podem ou não ser prevalecente em um indivíduo, o mabui se mescla ao mitama dando personalidade a ele e a pessoa. O mabui de alguém pode se prender a objetos e criaturas causando danos a ambos se os sentimentos forem contraditórios, como alguém que se torna obsessivo com outra pessoa e os sentimentos não são recíprocos. A kegare deforma o mabui e causa danos a personalidade de uma pessoa, ela pode se tornar mais violenta ou rancorosa.
O mabui pode impregnar objetos pessoais, como um kami faz com um shintai, mas obviamente com menor poder envolvido, um mortal não consegue separar um kami de seu shintai, mas pode separar um mabui de um objeto. Um samurai que passe décadas com sua espada acaba vinculando seu mabui a ela, tornando muito difícil dele partir para o mundo dos mortos quando chegar o momento, causando estragos na vida daqueles que ficaram, obrigando que hahuris realizem rituais para separar e enviar o espírito para o outro mundo, por meio dos rituais mabuiwakashi ou do suka.
O mabui sé alimentado com sentimentos, como uma fogueira é alimentada com lenha, quanto mais sentimentos positivos, mais o mabui contribui para uma mente e um corpo saudável, mas se for alimentado com sentimentos negativos, o corpo e a mente sofreram.
O mabui pode ser perdido também, quando uma pessoa sofre demais com solidão, maus-tratos, ansiedade, raiva ou ódio e se acostuma com isto, o mabui perde uma parte sua ou mesmo pode ser extinto, isso é causado pela kegare que deforma o mabui e a personalidade da pessoa. Nestas situações a criatura fica muito próxima de se tornar um youkai ou mesmo um oni.
Akiteikoku, o Império Outonal, é o ponto mais próximo de Lith com outros seis mundos, as energias espirituais são quase palpáveis nesta região do mundo. Os kamis, os espíritos puros, se contrapõem aos youkais, os espíritos impuros, e os kamis não aceitam conviver com a kegare, a impureza. Em um local tão próximo a outros mundos, as energias negativas deformam a mente, o corpo e a essência das criaturas que interagem com a kegare.
As pessoas que possuem vícios, que trabalham com os mortos ou sangue, costumam ficar em maior contato com os espíritos que se alimentam dos prazeres sensoriais, no caso dos vícios, os mortos que apresentem arrependimentos antes de morrer podem alimentar seus espíritos com energias negativas e, as pessoas que trabalham com matéria morta, podem ficar em contato com os espíritos carregados negativamente e o sangue carrega a herança dos antepassados, incluindo o karma. A kegare pode afetar as pessoas e coisas em torno de um ser impuro ou que carregue a impureza. A impureza pode ser removida, ou limpa, por meio de rituais de purificação, o misogi, purificação por água, e o harai, um ritual feito por um hahuri (sacerdote).
A purificação do corpo, alimentos e objetos é prática comum do Kamido e seus sacerdotes. As ofertas feitas aos kamis, são em geral, ramos de Sasaki com tiras de papel presas a ela chamados de X. A jouka, a purificação é importante para os kamis não rejeitarem uma pessoa, objeto ou ambiente. A purificação de espíritos envolve reduzir as emoções que ele carrega para o estado de felicidade e contentamento, isto é, deslocar suas emoções para que ele se torne um sakimitama, um espírito [feliz?]. Contudo, espíritos com o aramitama ou kushimitama elevados e densificados não podem ser facilmente transformados em sakimitama, as vezes isso é impossível.
É uma função comum dos hahuris do Kamido purificarem criaturas e coisas, além de locais, muitas pessoas vão aos santuários e templos em busca da purificação de seus corpos e espíritos. Não é raro que um hahuri seja contratado ou enviado em missão para purificar um espírito que esteja causando problemas em vilas ou estradas.
Em alguns dias do ano, o templo abre as portas para a saída do kami em um yorishiro em uma visita a vila ou cidade a fim de lhe demonstrar gratidão. Os matsuris, os festivais, são sempre acompanhados de músicas, jogos, artes e danças, tudo para alegrar o kami lhe demonstrar que a comunidade está feliz.
O shintai de um kami apenas deixa o edifício em que fica (honden) durante festivais, sobre o mikoshi (santuário portátil).